Ambulantes nas estações de metrô
Está crescendo o número de vendedores, barulhos, brigas, assédios, discussão é o que enfrentamos diariamente.
Seguranças e vendedores ambulantes travam uma longa e insistente guerra nas plataformas e trens. Mesmo proibidos de entrar nas estações, os ambulantes desafiam a fiscalização e atuam diariamente, às escondidas, nas composições que circulam no Recife. Defendem-se, alegando exercer a atividade para sobreviver. O metrô admite a dificuldade em barrar o acesso dessas pessoas, que, quando identificadas e flagradas pelos vigilantes, são convidadas a se retirar do sistema. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CTBU), em caso de reincidência, que é comum de acontecer, o material é recolhido e doado a instituições de caridade.
Não é tarefa difícil identificar vendedores. As idades são variadas: trabalham desde crianças a idosos de ambos os sexos. Normalmente entram nas composições acompanhados de uma caixa pequena, mochila ou sacola plástica para tentar camuflar os produtos. Antes de começar a circular pelo salão, verificam se há vigilantes ou policial ferroviário que possam inibir a venda. Constatada a ausência de fiscalização, iniciam a divulgação do material, circulando de um canto a outro do vagão. No estoque de itens, são comercializados alimentos, como barras de chocolates, paçoca, pipoca e balas, e artigos pessoais, como porta-cartões e canetas, entre outros objetos de fácil transporte.
Atuando há poucos meses no espaço, o vendedor Marcílio Domingos tem uma justificativa para a proibição do trabalho dos ambulantes nas estações. Para ele, os culpados são os usuários. "É difícil o cara vender no metrô, porque os usuários é que comem, e eles mesmos fazem a sujeira. Aí o pessoal que vai limpar o metrô acha que a culpa é da gente", alega o rapaz, que tem 20 anos. No entanto, parte dos alimentos que estão sendo consumidos pelos passageiros foram vendidos pelos próprios ambulantes, como presenciou a reportagem do FolhaPE. Marcílio conta que trabalha como ambulante por falta de opção. "Tem emprego, mas falta oportunidade". Assim como outros vendedores, ele se queixa da truculência dos seguranças.
"Além da mercadoria, às vezes eles tomam até o dinheiro. Tem uns que chegam até a bater no cara. Já fui agredido duas vezes", relata o vendedor Marconi Alves da Costa, de 32 anos. Para tentar despistar a fiscalização, o ambulante conta que a dica é ficar no "carrossel". "Tem que ficar mudando de vagão. Se não ficar no carrossel, os caras (seguranças) te pegam". Segundo ele, cerca de 100 vendedores ambulantes atuam no metrô. Marconi diz conhecer todos. Sílvio Diogo, de 29 anos, conta que também já foi agredido. "Eu sei que é proibido, mas eles nos tratam como animais. Já cheguei a levar um murro de um segurança", revela.
Procurada para comentar os casos de agressão relatados pelos vendedores, a CBTU, através do gerente Regional de Operação, João Dueire, disse que tais denúncias não têm cabimento. Segundo ele, a segurança da empresa não utiliza esse tipo de procedimento. O executivo cita ainda que vários ambulantes andam sem documento de identificação. "Muitos são menores, com idade, entre 9 e 13 anos. Quando recolhemos a mercadoria deles, muitos estão sem documento. Pegamos os dados e mandamos o responsável vir aqui ao metrô. Devolvemos boa parte da mercadoria". Dueire explica que a entrada dos ambulantes não é realizada pela estação em si. "Tudo começa no Terminal Integrado. Eles passam pela segurança e vão tentar vender no nosso sistema".
Além do efetivo de seguranças, classificado pela CBTU como insuficiente para realizar a fiscalização, a movimentação na parte interna das estações é monitorada 24 horas por dia por câmeras de circuito interno, presentes nas 28 estações do sistema. A Polícia Ferroviária Federal (PFF) atua em conjunto com a empresa de segurança terceirizada, a BBC, que recebe informações atualizadas com base nas imagens geradas. "Todo registro de ocorrência é registrado. Em caso de elemento suspeito, vamos monitorando e repassando as informações aos nossos policiais ou aos vigilantes, através do rádio. Se for uma ocorrência policial, acionamos uma viatura ou as motos", detalha o inspetor da PFF, Paulo Barreto. De acordo com o agente, a maioria dos delitos cometidos são de natureza leve.
Fonte: FolhaPe
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