Cantada ou Assédio no metrô?
O comentário que o homem faz a uma mulher desconhecida na rua... Isso é
brincadeira, grosseria ou assédio sexual? Qual é o limite entre a
cantada tolerável e a ofensa?
Pesquisa divulgada na semana passada revela que grande parte das mulheres já sofreu algum tipo de assédio verbal nas ruas, nos ônibus ou metrô - e se sente desconfortável com isso.
Movimentos feministas e especialistas na questão do gênero qualificam as cantadas como um tipo de violência contra a mulher, ao mesmo tempo que são rebatidos por setores que alertam para o perigo da criação de uma espécie de cartilha feminista, que passaria a reger novas formas, mais duras, de relações sociais.Uma pesquisa online feita pela jornalista Karin Hueck revelou que 99,6% das 7.762 mulheres que participaram do questionário já sofreram algum tipo de assédio sexual ou verbal enquanto estavam na rua, no transporte público, no trabalho e na balada.
“Linda”, “Gostosa” e “Delícia” são algumas das exclamações mais listadas pelas participantes. Destas, 83% diz não considerar as cantadas como algo positivo, e 90% declarou já ter trocado de roupa com medo do assédio que poderia sofrer ao sair de casa.
“Essas cantadas configuram assédio moral e sexual, na medida em que há um constrangimento das mulheres que, ao andarem nas ruas, têm de ouvir o que não querem. A questão que tem de ser feita é se ela quer passar por este constrangimento. É uma violência achar normal assobiar e dizer 'gostosa', sem considerar a vontade e o desejo dela”, afirma a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, Aparecida Gonçalves.Ela lembra que o direito de ir e vir, garantido constitucionalmente, é ferido a partir do momento em que as mulheres sentem medo ao circular por espaços públicos.
“Se não houvesse medo, se a mulher não se sentisse envergonhada e constrangida ao passar por estas situações, não haveria problema nenhum. Mas estas cantadas são elementos que fazem parte de uma cultura machista, de achar que pode assobiar quando vê uma mulher gostosa, de colocar a mulher como objeto passivo de desejo do homem.”“Acho que não cabe à gente este papel, a questão é gerar o debate. A pesquisa retratou a voz de oito mil mulheres. O resultado é significativo porque são milhares de mulheres falando em medo, não em elogio. É importante que esse debate gere o entendimento de que a relação entre homens e mulheres deve estar pautada pelo respeito, pela autonomia, pela liberdade dessas mulheres de andarem na rua da forma como quiserem.”
A acusação do surgimento de uma “patrulha feminista” surgiu como uma forma de reação ao debate, a partir da repercussão da pesquisa. Para Thandara, o debate e a reivindicação por relações mais igualitárias nos espaços públicos é um movimento natural de resposta às violações contra as mulheres.
“Se existe violência é óbvio que vai haver uma patrulha, isso é histórico e é óbvio que vai haver em relação a todas as violências que se cometem contra as mulheres. E este tipo de assédio na rua entendemos como como violência.” Fonte:RedeBrasil
Muitas Mulheres da Região do Recife sofrem com esse tipo de cantada, com base nisso, o Metrô do Recife poderá ganhar vagões exclusivos para mulheres em breve. A ideia é do deputado estadual Eduardo Porto (PSDB) e está sendo analisada pela Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Se o projeto de lei for aprovado, cada trem terá que disponibilizar um vagão apenas para o público feminino durante os horários de pico: das 6h às 9h e das 17h às 20h.
Segundo o deputado Eduardo Porto, relator do projeto, a mudança pretende evitar o abuso moral e sexual das passageiras dentro do sistema de transporte ferroviário. "Muitas mulheres me procuraram para dizer que eram assediadas no metrô, porque alguns homens se aproveitavam dos vagões lotados para constrangê-las", explicou.No Recife, o plano é que o "vagão rosa" funcione apenas nos horários de pico dos dias úteis.
Nos sábados, domingos e feriados e no restante do dia, todos os vagões seriam de uso misto. "As empresas poderão definir como isso será feito e qual vagão será destinado às mulheres. Mas esses departamentos terão placas de aviso e a polícia ferroviária pode ajudar a impedir a entrada dos homens", explicou Porto.
DESIGUAL - O Instituto SOS Corpo, tradicional movimento feminista do Estado, também não aprovou a ideia. Para o órgão, a medida não contribui para tratamento igualitário entre homens e mulheres. "Esse projeto parte do pressuposto de que as mulheres são culpadas pela violência que sofrem e que basta retirá-las de circulação que os homens deixarão de ser assediadores. Para que o Recife deixe de ser uma cidade violenta para as mulheres, deve-se investir mais em educação e menos em segregação", declarou em nota o SOS Corpo. Segundo o instituto, 28 mulheres foram estupradas nos veículos de transporte coletivo do Recife entre 1998 e 2012.
A assessoria de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que opera o metrô do Recife, informou ainda não ter nada a declarar sobre a proposta. A companhia disse que vai estudar o projeto e discuti-lo na Alepe para analisar sua viabilidade.
Pesquisa divulgada na semana passada revela que grande parte das mulheres já sofreu algum tipo de assédio verbal nas ruas, nos ônibus ou metrô - e se sente desconfortável com isso.
Movimentos feministas e especialistas na questão do gênero qualificam as cantadas como um tipo de violência contra a mulher, ao mesmo tempo que são rebatidos por setores que alertam para o perigo da criação de uma espécie de cartilha feminista, que passaria a reger novas formas, mais duras, de relações sociais.Uma pesquisa online feita pela jornalista Karin Hueck revelou que 99,6% das 7.762 mulheres que participaram do questionário já sofreram algum tipo de assédio sexual ou verbal enquanto estavam na rua, no transporte público, no trabalho e na balada.
“Linda”, “Gostosa” e “Delícia” são algumas das exclamações mais listadas pelas participantes. Destas, 83% diz não considerar as cantadas como algo positivo, e 90% declarou já ter trocado de roupa com medo do assédio que poderia sofrer ao sair de casa.
“Essas cantadas configuram assédio moral e sexual, na medida em que há um constrangimento das mulheres que, ao andarem nas ruas, têm de ouvir o que não querem. A questão que tem de ser feita é se ela quer passar por este constrangimento. É uma violência achar normal assobiar e dizer 'gostosa', sem considerar a vontade e o desejo dela”, afirma a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, Aparecida Gonçalves.Ela lembra que o direito de ir e vir, garantido constitucionalmente, é ferido a partir do momento em que as mulheres sentem medo ao circular por espaços públicos.
“Se não houvesse medo, se a mulher não se sentisse envergonhada e constrangida ao passar por estas situações, não haveria problema nenhum. Mas estas cantadas são elementos que fazem parte de uma cultura machista, de achar que pode assobiar quando vê uma mulher gostosa, de colocar a mulher como objeto passivo de desejo do homem.”“Acho que não cabe à gente este papel, a questão é gerar o debate. A pesquisa retratou a voz de oito mil mulheres. O resultado é significativo porque são milhares de mulheres falando em medo, não em elogio. É importante que esse debate gere o entendimento de que a relação entre homens e mulheres deve estar pautada pelo respeito, pela autonomia, pela liberdade dessas mulheres de andarem na rua da forma como quiserem.”
A acusação do surgimento de uma “patrulha feminista” surgiu como uma forma de reação ao debate, a partir da repercussão da pesquisa. Para Thandara, o debate e a reivindicação por relações mais igualitárias nos espaços públicos é um movimento natural de resposta às violações contra as mulheres.
“Se existe violência é óbvio que vai haver uma patrulha, isso é histórico e é óbvio que vai haver em relação a todas as violências que se cometem contra as mulheres. E este tipo de assédio na rua entendemos como como violência.” Fonte:RedeBrasil
Muitas Mulheres da Região do Recife sofrem com esse tipo de cantada, com base nisso, o Metrô do Recife poderá ganhar vagões exclusivos para mulheres em breve. A ideia é do deputado estadual Eduardo Porto (PSDB) e está sendo analisada pela Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Se o projeto de lei for aprovado, cada trem terá que disponibilizar um vagão apenas para o público feminino durante os horários de pico: das 6h às 9h e das 17h às 20h.
Segundo o deputado Eduardo Porto, relator do projeto, a mudança pretende evitar o abuso moral e sexual das passageiras dentro do sistema de transporte ferroviário. "Muitas mulheres me procuraram para dizer que eram assediadas no metrô, porque alguns homens se aproveitavam dos vagões lotados para constrangê-las", explicou.No Recife, o plano é que o "vagão rosa" funcione apenas nos horários de pico dos dias úteis.
Nos sábados, domingos e feriados e no restante do dia, todos os vagões seriam de uso misto. "As empresas poderão definir como isso será feito e qual vagão será destinado às mulheres. Mas esses departamentos terão placas de aviso e a polícia ferroviária pode ajudar a impedir a entrada dos homens", explicou Porto.
DESIGUAL - O Instituto SOS Corpo, tradicional movimento feminista do Estado, também não aprovou a ideia. Para o órgão, a medida não contribui para tratamento igualitário entre homens e mulheres. "Esse projeto parte do pressuposto de que as mulheres são culpadas pela violência que sofrem e que basta retirá-las de circulação que os homens deixarão de ser assediadores. Para que o Recife deixe de ser uma cidade violenta para as mulheres, deve-se investir mais em educação e menos em segregação", declarou em nota o SOS Corpo. Segundo o instituto, 28 mulheres foram estupradas nos veículos de transporte coletivo do Recife entre 1998 e 2012.
A assessoria de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que opera o metrô do Recife, informou ainda não ter nada a declarar sobre a proposta. A companhia disse que vai estudar o projeto e discuti-lo na Alepe para analisar sua viabilidade.
0 comentários: